Websérie gratuita dirigida por Yara de Novaes traça paralelos de problemas vivenciados na pandemia

Tudo começou com uma peça teatral. Neblina. De autoria inédita de Sérgio Roveri, a história perpassa em uma noite fria, escura e repleta de… neblina. Em sua trama, o encontro das personagens Diego (Leonardo Fernandes) e Sofia (Fafá Rennó) que, na calada da noite, falam sobre questões existenciais relacionadas à perspectiva de lidar com a perda, o luto, o sofrimento e formas de alcançar a superação. Fatos, esses, bem condizentes neste momento que atravessamos com tantos óbitos para a mal dita covid-19. Ponto.

Desta neblina, que para alguns torna as coisas maravilhosas – por ser a certeza, fatal -, veio Farol de Neblina, websérie em quatro capítulos de 18 minutos, com acesso gratuito, disponível pelo Centro Cultural Banco do Brasil até 30 de junho. Para assistir à, contudo, não confunda com uma live no YouTube do Safadão. Você tem de retirar o ingresso pelo site www.espetaculoneblina.com.br ou pelas redes sociais do CCBB para ter direito ao acesso. Ela fica disponível sempre de sexta, a partir das 20h, até segunda, às 23h59.

Não é peça de autoajuda, mas pode causar interrogações em si mesmo tanto quanto. Afinal, a morte fica para quem morre. O sofrimento, para quem permanece. Com isso, vêm as reflexões. Incompletas, quase sempre, como as qualidades apresentadas pelas personagens que dão vida à websérie.

Roteiro

O roteiro de “Farol de Neblina” combina elementos de suspense e thriller psicológico e mostra o misterioso encontro de um casal, Diego e Sofia, em uma casa sem vizinhos ao longo de uma noite fria e encoberta pela neblina. Confinados neste ambiente inóspito, os personagens entregam-se a um estranho exercício de empatia e provocação que tem tudo para caminhar para um desfecho que pode ser tanto trágico quanto revelador. À medida que a noite avança, Diego e Sofia concordam em relatar alguns fatos de suas vidas, mas que não passam de migalhas, insuficientes para o público compor um perfil dos personagens que se aproxime da realidade.

O parágrafo acima não fomos nós, da redação, quem redigiu. Veio do release oficial. Então, nos remeteu à seguinte indagação:  – Se o farol é quem norteia o caminho de um navio no mar, de um veículo na estrada na neblina, será ele também a luz para a websérie neste momento em que atores fazem da internet a projeção dos próprios palcos? Será a web, o farol para a neblina, uma vez que apresentações tiveram de ser canceladas em virtude da pandemia? Os ingressos já foram reservados para conhecer melhor a trama e a lógica.

Adaptação e equipe

Para que Neblina se tornasse Farol de Neblina, mudanças foram necessárias. A direção, produção (e as personagens, evidentemente) continuaram sob os cuidados de Yara de Novaes e Tatyana Rubim. Para a websérie, chegou a cineasta Clarissa Campolina. A direção de fotografia é de Wilssa Esser.

“Tivemos uma completa reestruturação. Partimos de um espetáculo teatral para uma websérie e buscamos a estética e recursos do cinema para fazer esse novo trabalho. Mantivemos a linha central, um acontecimento que guia a narrativa, mas, tecnicamente, o tempo é outro, as características, a equipe e estrutura são do audiovisual. A linguagem, luz, cortes, trilha, direção e fotografia são do cinema. Os atores trazem a importante experiência de atuação no cinema, o que nos aporta ainda mais e nos dá a segurança de uma equipe completamente alinhada na linguagem cinematográfica. O formato foi pensado para ser visto online, com o tempo de duração e os gatilhos pensados para capturar a atenção dos espectadores”, explica Tatyana Rubim.

André Cortez é o responsável pelo cenário original e novos elementos foram adicionados pelas diretoras. DR Morris é o responsável pela trilha original e também assina nova trilha para a série.

Expectativa

A gente ainda não sabe para quais caminhos (do pensamento) Farol de Neblina irá nos levar. Porém, se há no roteiro trajetos que perpassam pela dor (abstrata, e não propriamente física), a expectativa é: 72 minutos nebulosos até que o novo dia raie. A luz, que já chegou na websérie, há de chegar aos nossos corações.

“É essa apreensão por causa de algo que foi atravessado no nosso caminho e comprometeu tudo o que tínhamos imaginado que seria o nosso futuro. O que nos dá a certeza que só temos esse presente. Esse momento que estamos lidando com tantas perdas, e que vida e morte significam a mesma coisa. E temos a sensação de que tudo continua, de qualquer maneira. Mas é um tempo em que nós, assim como os personagens de ‘Farol de Neblina’, temos tentado achar modos de resistir e de viver um pouco melhor”, afirma Yara de Novaes.

Portanto, fica a dica para você conferir um trabalho que envolve profissionais talentosos da dramaturgia, em casa, com segurança, conforto e muita qualidade.

p.s: a websérie “Farol de Neblina” é apresentado pelo Ministério do Turismo, o Banco do Brasil apresenta e patrocina e a Livelo co-patrocina a websérie, com recursos da Lei Federal de Incentivo à Cultura, da Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo. 

Fotos: Guto Muniz

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