Médico e perito federal afirma: “não defender o tratamento precoce contra a covid-19 é um grande equívoco”

O doutor Francisco Cardoso, médico, infectologista e perito federal trouxe muita lucidez acerca do tratamento precoce contra a covid-19, em entrevista ao Programa Pânico, na rádio Jovem Pan. Para ele, o assunto não deveria ser uma polêmica, mas acabou se tornando não só pela politização do mesmo, mas também por conflitos de interesses entre profissionais, entidades médicas e a indústria farmacêutica.

É fato que os medicamentos recomendados no tratamento precoce são baratos, alguns sem patente e, de acordo com o infectologista, não vão gerar lucro para nenhuma indústria especificamente. “Se estiver instituído e protocolizado nas ações (de combate à covid), pode atrapalhar pesquisas para o desenvolvimento de novos fármacos, caríssimos, para o tratamento”, afirmou.

O perito colocou em xeque possíveis condutas que atrapalham o debate sobre o tema. “Será que existem indústrias farmacêuticas patrocinando esses colegas para suas pesquisas, seus eventos sociais, até mesmo colocando eles como chefes de pesquisa de novos medicamentos para a covid?”, questionou Cardoso.

Comprovação x Evidências

A medicina, como ofício, tem como princípio básico a integridade da vida de um paciente, a busca para que ela perdure.

“O médico tem que pensar, em primeiro lugar, no paciente que está na frente dele, doente, precisando de um tratamento. Você dispensá-lo para casa com um antitérmico e falar para aguardar, que se houver piora o paciente que volte para o hospital, isso não é medicina. Acudir um paciente precocemente sempre foi uma das premissas da medicina”, criticou.

Quando questionado sobre a posição da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o infectologista explicou que o órgão não é a favor ou contra o tratamento precoce. “Ela é um órgão regulamentador, precisa de estudos que tenham certo grau de excelência que demoram anos para serem feitos, para poder botar na bula de um remédio que, aquele remédio, ele serve para tal doença”.

A partir daí, é preciso então separar o que é evidência e o que é comprovação. O infectologista, neste momento, esclarece que 90% dos atos médicos e procedimentos que são feitos no Brasil e no Ocidente, atualmente, não dispõem de estudo clínico, duplo cego e randomizado que são exigidos para o tratamento precoce.  

“Apenas um, de cada 10 tratamentos médicos, está chancelado por este tipo de estudo. A medicina trabalha atualmente no planeta com 90% de estudos baseados em evidências moderadas ou até mesmo na opinião de experts”, pontua Cardoso. Isso é um primeiro ponto. “Comprovação é uma coisa. Evidência é outra. Eu não preciso ter comprovação científica para iniciar um tratamento”, reitera.

Tratamento precoce

Segundo o doutor Francisco Cardoso, o tratamento precoce envolve uma série de remédios que são sugeridos a partir da biblioteca farmacológica, “que existem e podemos tentar usar. Vários estudos mostraram que esses remédios conseguiram diminuir a quantidade de vírus que se replicam dentro do nosso corpo. Esses remédios tentam bloquear a entrada do vírus nas células. Eles não atuam sobre o vírus. Com isso, o vírus não consegue replicar e morre”, disse.

São medicamentos que têm a possibilidade (não é 100%), não é promessa de cura, mas a possibilidade de diminuir a quantidade de pessoas que vão evoluir para a forma grave para a doença. Com isso você diminui a hospitalização, diminui a gravidade.

“Os estudos mostram que se você tem covid, deitando numa cama de hospital a taxa de mortalidade é de 40%. Se você for para a UTI, sobe para 60%. Se você for intubado, sobe para 80%. Então a política deveria ser tomar todas as medidas possíveis para evitar que um cidadão tenha que ir para um hospital”, afirmou o doutor Francisco Cardoso.

Medidas

Além da política de vacinação, o infectologista reforça que as medidas de biossegurança devem ser levadas a sério, como o uso de máscara, o distanciamento social, o uso de álcool 70% e, também, o tratamento precoce para aqueles(as) que apresentarem sintomas.

“Existem sim evidências, tanto para a profilaxia, como é o caso da ivermectina – e há estudos mostrando que ela pode ter uma eficácia de até 70% na redução ou chance de você se contaminar, caso se exponha ao vírus, se tomar determinada dose e padrão -, quanto do tratamento em si, que é feito com várias drogas para você bloquear a célula o máximo possível, tentando impedir que o vírus avance”, finaliza.

Veja a entrevista na íntegra:

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