Defensores da criação de um parque linear no bairro Belvedere, entre Belo Horizonte e Nova Lima (Região Metropolitana de Belo Horizonte), colocaram-se frontalmente contra a proposta do governo federal de colocar à venda a área onde a unidade seria instalada.
Moradores da região, ambientalistas, especialistas em ferrovias e parlamentares participaram, na última quinta-feira (24), de reunião da Comissão Extraordinária de Turismo e Gastronomia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), que discutiu o assunto.
Na audiência solicitada, os participantes apresentaram os projetos envolvendo a estruturação do parque, que fica às margens da linha desativada da extinta Rede Ferroviária Federal. Pela proposta, a ferrovia seria reativada para fazer a interligação dos bairros Belvedere e Vila da Serra com o Instituto Inhotim, em Brumadinho (RMBH).
Leis protegem área do parque
Na avaliação do deputado João Leite (PSDB), mesmo que o terreno seja vendido pela União, a legislação conta com fortes instrumentos de proteção para aquela área. Ele citou as Leis estaduais 15.979, de 2006, que criou a Estação Ecológica do Cercadinho, e 23.230, de 2019, que reconhece como de relevante interesse cultural do Estado as linhas e os ramais ferroviários existentes em Minas Gerais.
Também lembrou da Lei federal 9.985, de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e, em seu artigo 41, cria as reservas da biosfera. “O que são a Serra do Curral e a Estação do Cercadinho senão reservas da biosfera, reconhecidas pela Unesco?”, completou.
Já o deputado Mauro Tramonte mostrou-se preocupado com a possibilidade de o leilão ocorrer e, uma vez vendidas, as áreas se tornarem terrenos para especulação imobiliária. Ele citou proposta de emenda à Constituição (PEC) de sua autoria que trata do tombamento, para fins de conservação, da Serra do Curral. Ele ainda lamentou a ausência de representantes do governo federal na reunião.
Confira algumas ideias para e opiniões sobre:
Sérgio Motta, presidente da organização da sociedade civil de interesse público (oscip) Apito:
A ideia é implantar na área um projeto parecido com o do Museu Inhotim, contemplando o paisagismo. Os usuários teriam que se cadastrar e pagar uma taxa mínima para passar o dia no parque, que funcionaria das 6 horas à meia-noite. O local contaria com pistas de bicicleta e caminhada, cinco portarias, lanchonetes, pistas de skate e patins, áreas para ginástica, quadras de esporte cobertas e ao ar livre e campos de futebol, além de arena com arquibancada para shows. “É um projeto ousado, mas já temos um investidor interessado”, anunciou.
Elis Tergilene, da Fundação Doimo e fundadora da Rede Uai Shopping:
“O que pretendemos fazer é colocar infraestrutura, com banheiros, bebedouros e outras estruturas”, disse. O acesso ao parque seria feito por duas litorinas, que são vagões ferroviários a diesel, com condutores próprios, utilizados para excursões turísticas. Numa primeira fase, esse trem iria do Belvedere até o chamado Mercado de Origem, onde é produzida cerveja artesanal, no bairro Olhos D’água, polo gastrocervejeiro da Capital. Numa segunda etapa, desse ponto partiria um trem para o Museu Inhotim.