Pesquisa mostra a preocupação dos brasileiros com as mudanças climáticas

A pesquisa “Mudanças Climáticas na Percepção dos Brasileiros”, realizada pelo Ipec, a pedido do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS), em parceria com o Programa de Comunicação de Mudança Climática da Universidade de Yale (Yale Program on Climate Change Communication), mostra mais uma vez uma percepção quase consensual no país sobre o aquecimento global: em 2021, 96% dos brasileiros acreditavam que o aquecimento global existe e 77% atribuíam o problema à ação humana.

O Ipec ouviu 2.600 entrevistados, maiores de 18 anos, das cinco regiões do Brasil, entre os dias 28 de setembro a 1 de novembro de 2021. As entrevistas foram realizadas por telefone com apoio de questionário eletrônico.

Outra diferença importante que se observa nos resultados diz respeito ao posicionamento político dos brasileiros. Em 2021, 88% tanto dos que se declaram mais à esquerda politicamente quanto daqueles que se consideram de centro avaliaram o tema do aquecimento global como muito importante – sendo que em 2020, essas proporções estavam em patamares semelhantes (83% e 85%, respectivamente). Já entre os brasileiros que se declaram mais à direita em termos políticos, 75% consideram o tema muito importante, percentual que foi de 72% em 2020.

De acordo com o relatório descritivo, a preocupação que os brasileiros têm com o meio ambiente também se mostra alta, dado que tanto em 2020 quanto em 2021, 61% declararam que este é um tema que os preocupa muito. Em 2021, 26% se disseram preocupados com o assunto, 11% um pouco preocupados e apenas 3% disseram se sentir nada preocupados – percentuais próximos aos observados em 2020 (25%, 10% e 4%,
respectivamente).

“As mudanças climáticas a cada ano são mais sentidas e passam a fazer parte do cotidiano da população. Os impactos podem ser sentidos no aumento do custo da energia, excesso ou falta de chuvas, qualidade do ar e racionamento de água. A pesquisa nos mostra que a população em geral está preocupada com as mudanças climáticas e com as queimadas. No entanto, a agenda ambiental não vem sendo liderada pelos atores políticos, mas é tema essencial nas eleições 2022”, comentou Fabro Steibel, diretor-executivo do ITS.

Grau de conhecimento

A autoavaliação sobre o grau de conhecimento acerca do aquecimento global e das mudanças climáticas aumenta de forma significativa conforme se avança na escolaridade e na classe a que pertencem.

Entre brasileiros da classe AB (29%) e com ensino superior (39%) é mais comum a percepção de se saber muito sobre tais assuntos, diminuindo de forma considerável entre aqueles de classe DE (13%) e até entre aqueles com Ensino Médio (18%).

De forma semelhante, entre usuários de Internet foi maior a proporção daqueles que disseram saber muito sobre aquecimento global e mudanças climáticas (22%) do que entre não usuários (11%), o que revela a importância dos meios digitais como fontes de informação sobre a temática.

Prejuízos

A pesquisa buscou identificar também as percepções dos brasileiros sobre os possíveis prejuízos que o aquecimento global poderia trazer. Em consonância com a alta preocupação que o brasileiro tem sobre as mudanças climáticas, nove em cada dez brasileiros acreditam que o aquecimento global pode prejudicar muito as gerações futuras.

Responsáveis

Outro aspecto importante que a pesquisa buscou mapear foram os atores que os brasileiros consideram ser os principais responsáveis em resolver o problema das mudanças climáticas. Em 2021, 37% consideraram que os governos são os responsáveis em primeiro lugar, 32% disseram ser as empresas e indústrias, 24% os cidadãos e 4% as Organizações Sem Fins Lucrativos. Todos esses resultados permaneceram estáveis em relação a 2020.

Ações relacionadas à defesa do meio ambiente (%)

Engajamento Político

O engajamento político dos brasileiros na questão do meio ambiente também foi frequentemente citado:

  • cerca de quatro em cada dez brasileiros declararam ter votado em algum político em razão de suas propostas para defesa do meio ambiente;
  • um em cada quatro já fizeram alguma doação para instituições de defesa do meio ambiente, e 17% declararam ter participado de alguma manifestação ou abaixo-assinado sobre o assunto.

O engajamento político dos brasileiros com a agenda ambiental parece apontar para um perfil político e socioeconômico específico. Enquanto em 2021, 45% do total da população declarou ter votado em algum candidato em função de suas propostas em defesa do meio ambiente, essa proporção foi de 65% entre aqueles que se declararam mais à esquerda politicamente, 55% entre os brasileiros com Ensino Superior, 51% entre aqueles pertencentes às classes AB e 51% com entre 18 e 24 anos de idade.

Para Anthony Leiserowitz, diretor do Programa de Comunicação de Mudança Climática da Universidade de Yale, “a pesquisa mostrou novamente que os brasileiros estão muito engajados na questão das mudanças climáticas, muitas vezes mais do que as pessoas nos Estados Unidos. Questões como mudanças climáticas, meio ambiente e desmatamento não são tão politicamente polarizadas no Brasil quanto nos EUA.”

Clique aqui e confira o site sobre a pesquisa com mais informações

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